Dia dos Mortos

| quarta-feira, 27 de outubro de 2010 | |
No México, o Dia dos Mortos é uma celebração que honra os defuntos. Começa no dia 1 de Novembro e coincide com as tradições católicas do Dia dos Fiéis Defuntos e o Dia de Todos os Santos. A UNESCO declarou-a como Património da Humanidade.
As origens da celebração no México são anteriores à chegada dos espanhóis. Há relatos que os astecas, maias, purépechas, náuatles e totonacas praticavam este culto.
O Dia dos Mortos era comemorado no 9º mês do calendário solar asteca, por volta do início de Agosto e era celebrado por um mês completo. As festividades eram presididas pela deusa Mictecacíhuatl, conhecida como a "Dama da Morte" e esposa de Mictlantecuhtli, senhor do reino dos mortos. As festividades eram dedicadas às crianças e aos parentes falecidos.
É uma das festas mexicanas mais animadas, pois, segundo dizem, os mortos vêm visitar os seus parentes. Ela é festejada com comida, bolos, festa, música e doces e os preferidos das crianças são as caveirinhas de açúcar.

A celebração no mundo pré-hispânico

Para os antigos mexicanos, os caminhos destinados às almas dos mortos eram definidos pelo tipo de morte que tiveram e não pelo seu comportamento em vida.

As direcções que os mortos poderiam tomar são:

  • O Tlalocan, o paraíso de Tláloc, Deus da chuva. Para este lugar iam aqueles que morriam em situações relacionadas com água: os afogados, os que morriam atingidos por raios, os que morriam por doenças como a gota ou hidropsia, sarna ou postula, bem como as crianças sacrificadas ao Deus. O Tlalocan era um lugar de descanso e abundância. Embora os mortos fossem geralmente cremados, os predestinados ao Tlalocan eram enterrados, como as sementes, para germinar;

  • O Omeyocan, paraíso do sol, governado por Huitzilopochtli, o Deus da guerra. Para este lugar iam apenas os mortos em combate, os escravos que eram sacrificados e as mulheres que morriam no parto. Estas eram enterradas no pátio do palácio, para que pudessem acompanhar o sol desde o nascente até o poente. A sua morte provocava tristeza e alegria, já que, graças à sua coragem, o sol as levava como companheiras. O Os mortos que iam para o Omeyocan, depois de quatro anos, voltavam ao mundo, encarnados em aves de penas coloridas e bonitas;

  • O Mictlan, destinado a quem morria de morte natural. Este lugar era habitado por Mictlantecuhtli e Mictecacíhuatl, senhor e senhora da morte. Era um lugar muito escuro, sem janelas, de onde era impossível sair.O caminho para o Mictlan era tortuoso e difícil, pois para lá chegar, as almas deviam caminhar por diferentes lugares durante quatro anos. Ao longo deste tempo, as almas chegavam ao Chignahuamictlán, onde descansavam ou desapareciam. Para percorrer este caminho, o defunto era enterrado com um cão, o qual o ajudaria a cruzar um rio e chegar perante Mictlantecuhtli, a quem deveria entregar, como oferenda, trouxas de gravetos e jarras de perfume, algodão, fios coloridos e cobertores. Aqueles que lá chegavam recebiam quatro flechas e quatro trouxas de fios de algodão.As crianças mortas tinham um lugar especial, chamado Chichihuacuauhco, onde se encontrava uma árvore da qual os ramos pingavam leite para as alimentar. As crianças que chegavam lá voltariam à Terra quando a sua raça fosse destruída. Desta forma, da morte nasceria a vida.
Os enterros pré-hispânicos eram acompanhados de oferendas de dois tipos: os que o morto havia utilizado em vida e os que poderiam precisar na sua viagem ao submundo. Assim, a elaboração de objectos funerários era muito diversificada: instrumentos musicais de barro, como ocarinas, flautas, tímpanos e chocalhos em forma de caveiras; esculturas que representavam os deuses mortuários, crânios de diversos materiais (pedra, jade, cristal)), braseiros, incensários e urnas.



Transformação do ritual

Um dos estados mexicanos que mais representam este sucesso é Michoacán.
Nas festividades, encontra-se aspectos oriundos tanto dos antigos habitantes centro-americanos, como também características modernas, adquiridas do contacto com a cultura dos colonizadores.

Caveirinhas

Chamam-se assim tanto as rimas ou versos satíricos como as gravuras que ilustram caveiras disfarçadas, descritas a seguir:

  • Rimas, também chamadas "caveiras", são na realidade epitáfios humorísticos de pessoas ainda vivas que constam de versos onde a morte personificada brinca com personagem da vida real, fazendo alusão a alguma característica peculiar da pessoa em questão. Terminar com frases onde se expõe o que o levarão à sepultura. É muito comum dedicar as "caveirinhas" a pessoas públicas, em especial a políticos que estejam no poder. Em muitos casos, a rima fala do aludido como se estivesse morto;

  • Gravuras (litografias), eram caricaturas em diferentes publicações no princípio do século XX no México, que eram usadas nestas datas pela sua alusão à morte festiva, tal qual La Catrina.
Símbolos
Caveiras de doce. Têm escritos os nomes dos defuntos (ou em alguns casos de pessoas vivas, em forma de brincadeira que não ofende em particular o aludido) na frente. São consumidas por parentes e amigos;




Pan de muerto (pão de morto). Prato especial do Dia dos Mortos. É um pão doce enfeitado com diferentes figuras, desde simples formas redondas até crânios, adornados com figuras do mesmo pão em forma de osso polvilhado com açúcar;



Flores. Durante o período de 1 a 2 de Novembro, as famílias limpam e decoram as sepulturas com coloridas coroas de rosas, girassóis, entre outras, mas principalmente de margaridas, as quais acredita-se atrair e guiar as almas dos mortos. Quase todos os sepulcros são visitados;

A oferenda e as visitas. Acredita-se que as almas das crianças regressam de visita no dia 1 de Novembro e as almas dos adultos no dia 2. No caso de não poder visitar a sepultura, seja porque já não existe ou a família esteja muito longe para visitá-la, também são feitos altares nas casas, onde se põem as ofertas que podem ser pratos de comida, o pan de muerto, jarras de água, mezcal, tequila, pulque ou atole, cigarros e inclusive brinquedos para as almas das crianças. Tudo isto se coloca junto dos retratos dos defuntos rodeados de velas.

Altar dos Mortos



Os materiais usados para fazer um altar para o Dia dos Mortos têm um significado, e são os seguintes:

  • Retrato da pessoa lembrada: o retrato do defunto relembra a alma que visitará na noite de 2 de Novembro;

  • Pintura ou figura das Almas do Purgatório: A imagem das almas do purgatório serve para pedir a saída do purgatório pela alma do defunto no caso de ele lá se encontrar;

  • Doce círio: Ainda que sejam poucos, têm que ser em pares e preferivelmente de cor roxa, com coroas e flores de cera. Os círios, ainda mais roxos, são sinal de luto. Os quatro círios em cruz representam os quatro pontos cardiais de maneira a que a alma pode orientar-se e encontrar o seu caminho.

1 comentários:

Anônimo Says:
28 de outubro de 2010 às 22:08

Essses Mexicanos inventam cada coisa hein,muito bom esse post.

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